quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Participem nas sessões do projeto MiudosSegurosNa.Net Live Show (Facebook) sobre os Média Digitais!


Revejam às sessões do projeto MiudosSegurosNa.Net Live Show (Facebook) sobre a utilização dos Média Digitais e participem nas próximas sessões!! Consultem a agenda para setembro.
Útil e didático para miúdos e graúdos!

   - "Vídeojogos, Idades & Conteúdos"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/322535611691510/

   - "Brincadeiras Perigosas - o impacto da vida digital para
crianças e adolescentes, riscos e prevenções"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/347037025983432

   - "Gaming Disorder: Vídeojogos, Uma Nova Dependência"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/536810596853495/

   - "Crianças e Adolescentes & Principais Questões de Saúde na Era
Digital"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/2596207293742889/

   - "Mãe, Quero Ser YouTuber!"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/216651199229828/

   - "Perceberam?
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/2599000350177274/

   - "Práticas Comerciais e Publicitárias Digitais Não-Éticas e Como
as Evitar"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/630896314067723/

   - "Brain Hacking: Como Somos Manipulados na Internet e Como o Evitar"
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/2292165241033364/

   - Tecnoestresse e Midias Digitais
     https://www.facebook.com/MiudosSegurosNa.Net/videos/2920781217995684/

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Instagram anuncia dois recursos contra o Cyberbullying

Notícia publicada em Olhar Digital, em 8/7/2019

 

A rede social luta contra o cyberbullying, mas a inteligência artificial moderadora ainda não é capaz de bloquear a imensa quantidade de conteúdo ofensivo na rede social

O Instagram divulgou nesta segunda-feira (8) um post no seu blog, comprometendo-se a lutar contra o cyberbullying na plataforma, dois recursos  para auxiliar o utilizador nesse sentido. Um deles desencoraja quem está prestes a fazer comentários negativos e o outro apresenta alternativas para a potencial ví­tima de cyberbullying. Mas será que isso é suficiente?
 
O primeiro recurso, que usa inteligência artificial (IA), notifica os utilizadores quando identifica que os seus comentários são ofensivos. Segundo o Instagram, "essa intervenção dá às pessoas a chance de refletir e desfazer os comentários e impede que o destinatário receba a notificação da crí­tica. Desde os primeiros testes com o recurso, descobrimos que eles incentivam alguns a desfazerem os seus comentários e a compartilharem algo menos doloroso, uma vez que tenham a chance de refletir".
 
Já a ferramenta para a ví­tima de cyberbullying foi batizada de "Restringir". Quando alguém é adicionado,os seus comentários são só visí­veis para ele próprio - o destinatário não os vê. Além disso, ele pode escolher se quer que outros utilizadores vejam esses comentários ou não. Para tal, deve aprovar ou não a interação. Os restringidos também não podem ver quando quem os limitou está online no Instagram ou quando tiver lido uma mensagem privada.
 
Estima-se que 80% dos adolescentes, na faixa etária em que o cyberbullying é mais comum, estejam no Instagram. A rede oferece um ambiente ideal para a prática: audiência, anonimato, ênfase em aparências e canais variados (de feeds públicos a conversas privadas, individuais ou em grupo). Os próprios executivos do Instagram reconhecem que, ao tentar atrair mais utilizadores e atenção para a plataforma, cada novo recurso traz mais oportunidades de abuso. "Os adolescentes são excecionalmente criativos", diz Karina Newton, diretora de política pública do Instagram.
 
Leia o artigo completo AQUI.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Aprovada no Parlamento Português a lei relativa à aplicação real em Portugal do Regulamento Geral de Proteção de Dados que está em vigor desde maio de 2018


No dia 14 de junho, foi aprovada, no Parlamento Português, a lei relativa à aplicação real em Portugal do Regulamento Geral de Proteção de Dados que está em vigor desde maio de 2018.
Quanto à idade do consentimento dos jovens, o Grupo de Trabalho do Parlamento chegou a considerar a possibilidade de se optar pelos 16 anos, impondo o limite máximo definido pelo Regulamento, mas a proposta de lei acabou por se fixar nos 13 anos, como propunha a Proposta de Lei do Governo e conforme era nosso desejo.
O texto final aprovado hoje no Parlamento pode ser consultado AQUI.
 
Falta ainda a sua promulgação pelo Presidente da República e a sua publicação em Diário da República.

O jogo da asfixia que está a assustar Espanha (em Portugal “não foram reportados casos mas não quer dizer que não haja”)

 
 
O caso não é inédito. Dois adolescentes voltam a ser hospitalizados em Espanha após alinharem no jogo da asfixia, também conhecido por “jogo da morte”. As vítimas são estranguladas até perderem a consciência. Um desafio com muitos riscos que pode causar danos cerebrais ou mesmo a morte

Uma adolescente de 12 anos foi a mais recente vítima do jogo da asfixia que está a circular nas redes sociais em Espanha. É o segundo caso registado esta semana.
Segundo o jornal “El Mundo”, a jovem aceitou esta quinta-feira de livre vontade participar no jogo em plena via pública no município de Pinto, em Madrid. Passava pouco das 14h (13h em Lisboa). As amigas que a acompanhavam estrangularam e pressionaram o peito da jovem até lhe provocar falta de oxigénio. Resultado? A vítima caiu ao chão inconsciente, tendo sido levada de imediato para o hospital.
Neste momento, as autoridades locais informaram que a adolescente se encontra “bem”, fora de perigo, “embora assustada” e com um hematoma na cara. Entretanto, já foi solicitada uma investigação sobre o caso, que está a assustar os pais de adolescentes em Espanha.
Três dias antes foi registado um episódio semelhante em Granada que envolveu vários jovens neste jogo - que foi filmado e divulgado nas redes sociais. Um deles foi também transportado para o hospital. A polícia local já pediu aos pais no Twitter para estarem mais vigilantes face a estas situações, que já foram registadas noutros anos em países como Brasil, EUA, Reino Unido ou França.
Contactado pelo Expresso, o fundador do MiudosSegurosNa.Net, Tito de Morais, admite que os jovens portugueses possam também aderir a este desafio, que está conquistar também jovens no Brasil, aconselhando os encarregados de educação a estarem mais atentos aos passos dos filhos. “Não nos foram reportados quaisquer casos em Portugal, mas não quer dizer que não haja. Dado a enorme proliferação dos mesmos na Internet em geral e no Brasil em particular, e dado termos a língua em comum, não me admiraria que houvesse casos em Portugal”, afirma Tito de Morais.
De acordo com este especialista, um dos maiores problemas que se coloca à identificação de mortes resultantes deste tipo de jogos – que podem causar várias consequências como danos cerebrais – é que geralmente são classificados como suicídio e não como mortes acidentais. “Daí estarmos a alertar para a importância de incluirmos também pediatras nas ações de formação sobre o tema”, acrescenta.
Mais do que denúncias, sublinha Tito de Morais, estas situações chegam ao projeto MiudosSegurosNa.Net através dos media e de parceiros internacionais. No total, o fundador do projeto diz que foram identificadas 40 ações de instigação a comportamentos autolesivos a que geralmente chamam “jogos” ou “desafios”. “A maioria é composta por vídeos com conteúdos nocivos, prejudiciais ou danosos, que podem ser mortais ou, como alguns outros, meramente parvos”, acrescenta.
São vários os sinais de alerta relativos à prática da asfixia e de outros desafios perigosos, como o isolamento, a utilização de golas altas mesmo no verão, olhos vermelhos, desorientação, dor de cabeça frequente, conversas sobre estes jogos ou presença de objetos suspeitos no quarto como cordas ou trelas, refere o portal Projeto MiudosSegurosNa.Net e o Instituto Dimicuida.
Tito de Morais insiste que os pais e educadores têm um papel fundamental na prevenção deste tipo de casos, sendo por isso também vital o diálogo.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Quando é que os bebés de um ano de idade podem ver vídeos no telemóvel? Nunca, diz a OMS

Notícia publicada em Visão , em 25/04/2019 

Daniela Jovanovska-Hristovska/Getty Images
A Organização Mundial da Saúde publicou ontem novas recomendações sobre o tempo de exposição de crianças a aparelhos eletrónicos. Dos 2 aos 4 anos, por exemplo, não devem estar mais de uma hora por dia em frente a um ecrã. 
 
 
Ligar a televisão nos desenhos animados ou pôr no telemóvel um vídeo do YouTube são truques usados por muitos pais para acalmar os filhos pequenos, sobretudo na hora da refeição. Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que é má ideia.
A instituição publicou na quarta-feira, 24, uma série de recomendações sobre as necessidades dos mais novos, preparadas por um painel de especialistas, que incluem a resposta à pergunta que muitos fazem: quanto "tempo de ecrã" é o indicado para as crianças? Tempo nenhum, responde a OMS, se a criança tiver até um ano. Se tiver dois anos, o tempo passado em frente à televisão ou ao telemóvel não pode exceder um hora diária.
As recomendações fazem parte de um conjunto maior de normas relativas ao sedentarismo e qualidade de sono dos mais novos. "A primeira infância é um período de rápido desenvolvimento e uma altura em que as rotinas familiares podem ser adaptadas de forma a estimular uma vida mais saudável", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
 
Os especialistas da OMS concentraram-se em analisar os comportamentos que podem afetar negativamente o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças."Aumentar a atividade física, reduzir o sedentarismo e garantir um sono de qualidade vai melhorar a saúde e o bem-estar físico e mental das crianças, além de prevenir a obesidade infantil e doenças que lhe estarão associadas mais tarde", assegura a médica da OMS Fiona Bull, diretora do programa de vigilância e prevenção de doenças não transmissíveis.
Veja aqui as recomendações da organização.
 
Bebés com menos de 1 ano devem:
. Ser fisicamente ativos várias vezes por dia e de diferentes maneiras, particularmente através de jogos interativos no chão; quanto mais, melhor. Os que ainda não se conseguem deslocar devem ficar pelo menos 30 minutos de barriga para baixo, em períodos espalhados ao longo do dia.
. Não devem estar presos mais de uma hora seguida (por exemplo, carrinhos de bebé, cadeiras infantis ou nas costas dos pais). Não é recomendado qualquer tempo de ecrã. Quando o bebé estiver sedentário, reomendamos a leitura de histórias por parte dos progenitores.
. 14 a 17 horas (dos 0 a 3 meses de idade) ou 12 a 16 horas (de 4 a 11 meses de idade) de sono de boa qualidade, incluindo sestas.
 
Crianças de 1 a 2 anos de idade devem:
. Passar pelo menos 3 horas diárias numa variedade de atividades físicas de qualquer intensidade, incluindo intensidade moderada e vigorosa, distribuída ao longo do dia; quanto mais, melhor.
. Não devem ficar presos mais de uma hora seguida (carrinhos de bebé, cadeiras infantis ou nas costas dos pais) ou sentados longos períodos de tempo. Para crianças de um ano de idade, o tempo de ecrã (TV, vídeos, videojogos) não é recomendado. Aos 2 anos de idade, o tempo de ecrã não deve ser superior a 1 hora; quanto menos, melhor. Quando a criança estiver sedentária, recomendamos a leitura de histórias.
 
11 a 14 horas de sono de boa qualidade, incluindo sestas, com períodos regulares de sono e de despertar.
 
Crianças de 3 a 4 anos de idade devem:
. Passar pelo menos 3 horas numa variedade de atividades físicas de qualquer intensidade, das quais pelo menos 60 minutos são atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, espalhadas ao longo do dia; quanto mais, melhor.
. O tempo de sedentarismo não deve exceder uma hora; quanto menos, melhor. Quando a criança estiver sedentária, recomendamos a leitura de histórias.
. 10 a 13 horas de sono de boa qualidade, que podem incluir uma sesta, com períodos regulares de sono e de despertar.


sexta-feira, 10 de maio de 2019

Mãe, pai: quem é que vos disse que podiam postar isso sobre mim?

Sharenting é um termo que mistura partilha (share) e parentalidade (parenting), designa o fenómeno de os pais publicarem fotografias, vídeos e comentários dos filhos nas redes sociais, e ninguém tem dúvidas de que esses conteúdos até possam ser os mais engraçados da vida dos miúdos. Porém, querem ser eles a ter a última palavra.
 
Texto de Ana Pago publicado em DN LIfe em 24/4/2019

A sós com a filha de 14 anos, rosadas do frio, com a estância de esqui em fundo, Gwyneth Paltrow quis partilhar o momento no Instagram. “Mãe, já tínhamos falado sobre isto. Não podes publicar nada sem o meu consentimento”, zangou-se a jovem Apple Martin, incomodada com a fotografia. “Mas se nem consegues ver a tua cara!”, ripostou a atriz americana, dividida entre ter pisado o risco ao expor a filha (ainda que de óculos espelhados a cobrir-lhe o rosto) e ser descomposta em público por ela.
Crianças e adolescentes insistem cada vez mais com os pais para que não publiquem nada sobre eles sem o seu consentimento.
A blogger Catarina Beato percebe perfeitamente a irritação de Apple: “Falo pouco do meu filho adolescente por acreditar que esta idade merece todo o respeito. Se ele não gosta de exposição, quem sou eu?”, questiona a antiga jornalista de economia, autora do blogue Dias de Uma Princesa desde 2005. Por lá, fala de alimentação, viagens, peso, poupança e outros temas que exporia num café se estivesse a conversar em voz alta com uma amiga, filhos incluídos. Mas à vontade não é “à vontadinha”.
“Demorei bastante a escrever um post sobre adolescência porque queria dizer o que sinto dos medos, do cansaço, sem falar da vida do meu adolescente em particular”, recorda Catarina Beato, que hoje em dia só ainda não pergunta a opinião a Maria Luiza, de dois anos: “O Afonso, de sete, já quer ter voto na matéria e eu aceito, embora adore aparecer”, conta.
Quanto a Gonçalo, 17 anos, é muito tímido e continua a pedir-lhe que não publique nada sobre ele, algo que a mãe respeita.

Segundo os especialistas, esta é uma reação que irá ganhar força no futuro, à medida que os mais novos insistem com os adultos para não postarem à revelia. “Grande parte das crianças e adolescentes cujos pais publicaram sobre os filhos sem consentimento – fossem comentários, fotografias ou vídeos – ficaram aborrecidos com isso e pediram-lhes que os retirassem”, adianta a investigadora Cristina Ponte, responsável pelo relatório EU Kids Online Portugal de 2018, divulgado em fevereiro deste ano para ampliar o que sabemos sobre usos, riscos e segurança na internet das crianças europeias.
sharenting
“Alguns chegaram a receber comentários negativos ou ofensivos de colegas devido a conteúdos publicados pelos pais sobre eles”, alerta ainda a professora de comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa. Já para não falar dos amigos que publicam constantemente coisas uns sobre os outros, sem perguntarem primeiro se podem, a configurar 25% dos casos num universo de mais de 1800 respostas, em miúdos entre os 9 e os 17 anos.
Ao que parece, todos estão a começar a encaixar que o seu rasto digital começa muito antes de eles próprios se terem tornado ativos online, sem controlo naquelas fotos da mãe a mudar-lhes a fralda ou a dar-lhes banho em pequenos. E não estão satisfeitos com os adultos: 28% dizem que os pais publicaram conteúdos sem lhes perguntarem se estavam de acordo, 13% ficaram incomodados com essas partilhas e 14% pediram-lhes que os retirassem, tão melindrados com os progenitores como Apple Martin ficou com a mãe.

“Eles têm o direito a viver este espaço digital com a garantia de privacidade e de serem ouvidos nessa opção. Direito a definir como é que os outros lhes fazem referência”, reitera Cristina Ponte, ciente de que qualquer partilha online fica para sempre e nunca será vista apenas pelo círculo de pessoas mais chegadas. “Os pais devem pensar antes de publicar. E depois envolver a criança ou adolescente para saber se se importa, ou não, que o façam”, diz.
Foi o que decidiu Sónia Morais Santos, autora do blogue Cocó na Fralda e mãe de quatro: Manuel de 17 anos, Martim de 14, Madalena com nove e Mateus de quatro. “Comecei a contar as peripécias da família em 2008, um dia o meu mais velho não gostou de qualquer coisa (não me lembro o que era) e a partir daí acabou-se”, lembra a ex-jornalista. Nunca mais postou sobre os crescidos sem autorização, e nada além de uma piada ou resposta mais bem dadas. “Mesmo a Madalena já está no grupo daqueles a quem pergunto.”
Com o Mateus são histórias amorosas, não acha que seja um problema, mas os mais velhos deixaram de aparecer. “Se sucede algum episódio que me apetece partilhar, vejo primeiro com eles se se importam”, afirma a blogger, considerando que o que é da esfera íntima fica em casa, não há cá confusões. Ninguém sabe em que área está o Manuel, se são bons ou maus alunos, se saem à noite, se têm namorada ou namorado, se alguma vez beberam. «Justamente porque têm as suas vidas e não têm de as ver expostas no blogue da mãe», aprova.

Quem também aplaude são os investigadores Sara Pereira, Luís Pereira e Manuel Pinto, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Juntos escreveram o booklet Internet e redes sociais: tudo o que vem à rede é peixe? para que os internautas percebam que o que publicam pode ser lido ao minuto por um público extenso e permanece na rede mesmo depois de removido, razão por que nunca devem pôr em causa a privacidade de quem quer que seja.
Uma outra pesquisa da AVG, empresa de programas de proteção de computadores, salienta que pais, tios e avós publicam fotografias e vídeos dos seus bebés, o que faz com que 82% das crianças tenham a imagem na internet antes de completarem dois anos. Ainda mais preocupante: são os pais quem revela maior quantidade de dados pessoais dos filhos, através da partilha de conteúdos de elevada intimidade, e os ajudam a criar perfis nas redes sociais antes de terem idade para abrir conta.
O facto de as pessoas pensarem que só quem está ligado ao seu perfil tem acesso às imagens publicadas cria uma falsa sensação de segurança.
“O facto de as pessoas pensarem que só quem está ligado ao seu perfil tem acesso às imagens publicadas cria uma falsa sensação de segurança”, explica Tito de Morais, fundador do site MiúdosSegurosNa.Net para promover a segurança online dos mais novos. No limite, diz, “é útil partir do princípio que o que fazemos em privado se pode tornar público, mesmo o que não publicamos”. E então agir com bom senso: nem encher o mural de imagens das crianças, que irão apreciar ter controlo sobre a sua identidade, nem diabolizar as redes sociais, que só se tornam boas ou más dependendo do uso que fizermos delas.
De resto, esse foi sempre um cuidado que Fernanda Velez teve com o Blog da Carlota (um dos blogues portugueses de maior alcance, com um bom gosto digno de revista de interiores), que criou quando a sua mais velha tinha quatro meses (tem agora sete anos). “Estava encantada com a maternidade, com as roupas que comprava para a bebé, e comecei a partilhar o que vestia à Carlota com os links das marcas portuguesas”, conta a empreendedora. Era ela a postar imagens da filha no Instagram e as lojas a esgotarem os modelos infantis e os que ela mesma usava. Passados uns meses fazia os Mercaditos da Carlota com novidades de moda para mães e crianças, uma extensão do reconhecimento público.

“A Carminho nasceu três anos depois, no início só apareciam elas, e o que eu senti foi que de repente passou tudo a mostrar os filhos como eu nunca mostrei as minhas, em birras ou situações que as diminuíssem”, nota Fernanda, que entretanto já publica mais imagens suas do que delas. Por mais que os seguidores possam pensar que as conhecem, não veem ali mais do que a moda que existe nas suas vidas, nenhuma intimidade. “A Carlota adora aparecer, a Carminho ainda não sabe o que é ter presença online, mas o que é certo é que nunca irão ter uma foto que as envergonhe”, assegura a mãe.
Os jovens não são nem nativos digitais, nem ignorantes digitais.
E neste ponto importa acrescentar que os jovens não são nem nativos digitais, nem ignorantes digitais, destaca a investigadora em comunicação Cristina Ponte, desmistificando a ideia de que os miúdos, hoje, já nascem agarrados aos ecrãs: “Nem nascem ensinados e a saber tudo da internet e das novas tecnologias, nem são uns coitadinhos desprotegidos num ambiente que só tem riscos.”
Para a responsável do relatório EU Kids Online Portugal, muitos deles apenas desejam que os pais acompanhem mais o que fazem, pelo que existe aqui margem para se trabalhar com eles uma série de competências sociais e emocionais, que lhes permitam desenvolver melhores competências digitais. “A começar por conseguirem lidar com as críticas, positivas ou negativas, e com a frustração que daí vem. Porque isso faz parte da vida, o terem essa noção de até onde se querem expor”, remata a docente.
Na dúvida, são estas as imagens que nunca, em circunstância alguma, devem ser publicadas:

AS DE CRIANÇAS NUAS, DE FRALDA, NO BANHO.
 
Inocentes aos olhos da maioria das pessoas, podem tornar-se um prato cheio para utilizadores maldosos que as ponham a circular em redes criminosas ou façam um uso ainda mais abusivo das informações obtidas nas redes sociais.

AS DE CRIANÇAS COM UNIFORMES ESCOLARES.
 
A partir de uma farda é possível identificar a escola que a criança frequenta, por vezes até o ano. Se além disso a rede social divulgar o nome dos pais, dos menores e uma série de outros dados pessoais, não é descabido pensar que possa haver problemas mais cedo ou mais tarde.

AS QUE PODEM CAUSAR CONSTRANGIMENTO NO FUTURO.
 
Por muito engraçada que uma foto possa parecer na altura em que é tirada, os pais devem lembrar-se de que as suas crianças não gostarão de se ver expostas ao ridículo. Imagens embaraçosas à solta na rede podem vir a ser usadas em situações de bullying ou outras igualmente danosas.

AS DAS CRIANÇAS DOS OUTROS.
 
Tal como qualquer pai tem o direito de exigir que uma foto do filho seja retirada quando postada sem autorização, deve lembrar-se de perguntar aos outros pais se pode publicar imagens em que as crianças deles apareçam, como aquelas que são habitualmente tiradas em passeios de turma ou festas de aniversário.

AS DE CRIANÇAS COM OBJETOS DE VALOR.
 
À partida, os amigos ficarão contentes com o sucesso dos pais e a alegria dos mais novos, mas para quê chamar a atenção para os bens materiais da família? Ou fazer o seu filho correr riscos desnecessários apenas porque ganhou um iPad topo de gama de presente e publicou uma foto a exibi-lo?

AS QUE PERMITEM IDENTIFICAR ONDE FORAM TIRADAS.
 
Os smartphones e algumas câmaras vêm equipados com um geolocalizador que identifica e torna público nas redes sociais o local onde cada foto é tirada. Desative-o para não correr o risco de as fotografias darem a terceiros informações que só lhe interessam a si.

AS DE ALTA RESOLUÇÃO.
 
Uma vez que perdemos o controlo das imagens quando as colocamos na internet, é preferível partilhar com os amigos as de baixa resolução, menos fáceis de editar, manipular e utilizar.

AS QUE DÃO PISTAS DE ONDE MORA. 
 
Os miúdos estão mais giros a cada dia que passa, fizeram uma graça que queremos partilhar e, sem querer, acabamos a mostrar nas imagens uma loja conhecida, aqueles prédios de cor tão particular e outros pontos de referência do lugar onde moramos. Por muito pouco paranoica que uma pessoa seja, há certas coisas que é preferível manter na esfera privada.